quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A NOITE


Ela tinha algo , então -
da estagnação
do hospital . da penitenciária , dos asilos
da vida suja e abafada
( de roupa suja e abafada por onde se veio  arrastar )
algo de estagnação dos palácios cariados comidos de mofo
e erva - de - passarinho
algo da estagnação
das árvores obesas
pingando os mil açucares
das salas de jantar Pernambucano
por onde se veio a arrastar
( e nelas , mas de costas para o rio  ,
que as grandes famílias espirituais
da cidade chocam ovos gordos
na sua prosa na paz redonda
das cozinhas , ei - la a resolver viciosamente seus
caldeirões de preguiça viçosa )

seria água daquele rio
fruta de alguma árvore ?

uma água madura  ?
porque sobre ela , sempre
como iam pousar moscas ?

Aquele rio
saltou alegre
em alguma parte ?
foi canção ou fonte
em alguma parte ?

porque estão seus olhos
pintados de azul
nos mapas ?









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