estava num jardim a separar
as pombas dos melros por
causa do milho a cair sob
o olhar atento das gaivotas
e o silêncio rente das andorinhas
no meio das folhas irrequietas
das árvores a criança agarrou
um papel com palavras e imagens
que a meio do vento me fugiu das
mãos
a criança pediu - me que eu fizesse
daquela página solta um avião ou
um barco , disse - lhe ; faz tu , eu
sò ajudo não sei voar , nem navegar
a criança começou a sonhar com
habilidade e imaginação
o coração começou - se a abrir
como uma cor e a cabeça fechou
- se como uma concha , no fim
da história apareceu a mãe a dizer
à criança não estragues o poema
que è desse senhor , respondi - lhe ;
foi o seu filho que me ensinou
a voar e a navegar por um instante ,
foi ar que se nos deu , não pertencem
a ninguém , acaso , vivacidade , sei
là , arte , não tem dono , anda por aì ,
ainda bem , amen .
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