quarta-feira, 15 de março de 2017

VENTO

À beira rio uma criança
estava num jardim a separar
as pombas dos melros por
causa do milho a cair sob
o olhar atento das gaivotas
e o silêncio rente das andorinhas

no meio das folhas irrequietas

das árvores a criança agarrou
um papel com palavras e imagens
que a meio do vento me fugiu das
mãos

a criança pediu - me que eu fizesse
daquela página solta um avião ou
um barco , disse - lhe ; faz tu , eu
sò ajudo não sei voar , nem navegar

a criança começou a sonhar com
 habilidade e imaginação

o coração começou - se a abrir
como uma cor e a cabeça fechou
 - se como uma concha , no fim

da história apareceu a mãe a dizer
à criança não estragues o poema
que è desse senhor , respondi - lhe ;

foi o seu filho que me ensinou
a voar e a navegar por um instante ,

foi ar que se nos deu , não pertencem
a ninguém , acaso , vivacidade , sei
là , arte , não tem dono , anda por aì ,
ainda bem , amen .



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