sábado, 29 de outubro de 2016

POEMA DE AMOR

POEMA DE AMOR

Os carros vinham despedaçados
da longa viagem quando os homens
e animais chegaram à beira do grande
rio .

( O vento dormia entre os salgueiros )
Olharam as suas àguas cheias de barcos
conduzidos por homens Trigueiros e mulheres

de cabelos compridos e seios erectos .
( Escuta minha amada , este poema de amor )

Era um estatuário majestoso e tranquilo , suas
águas verdes e azuis desendentaram   os homens ,
que vinham exaustos , e os animais quase mortos
A multidão lavou as  feridas , e acendeu fogueiras
na noite que vinha descendo sobre as praias .
O vento dormia . As rãs coaxavam .
Nasciam as primeiras estrelas .
( Afaga - me de manso os cabelos com as tuas mãos em flor ,
 que teus lábios me digam palavras simples . )

Então os navegadores trigueiros vieram à praia saudaram
os homens estrangeiros , e ofereceram - lhes canastra de peixes
fresco de todas as espécies que havia no rio .

E vieram as alfaias agrícolas , que vinham nos carros , olharam
os homens e animais exaustos , sabiam là de que duros trabalhos ?
e , na sua voz cantada e ardente , que lhe saia da boca , dos olhos e
das mãos , disseram - lhes : ( O vento acordou no salgueiral )

Bem - vindos sejais , irmãos . Não vos perguntaremos donde vindes
nem a que desolação , seca , flagelo , praga ou guerras fugis :
Basta - nos saber , e isso è evidente nas vossas faces , que sois gente
de rapina , ou nação guerreira , parasitas daninhos e vorazes que odiamos .
Nòs que vivemos da pesca e da navegação , ligando com as nossas proa
as varias cidades ribeirinhas disseminadas ao longo do grande rio , amamos
a paz e o trabalho .

Mas , vede  , toda esta planície por vòs trilhada  , na vossa jornada , è rasa e fértil ,
mas espera ainda os homens que venham fecunda - la .
Vòs que sois camponeses e que buscais , por certo terra nova  para os vossos arados ,
porque não haveis de lançar aqui sementes ?
Nòs vos daremos peixe em troca do vosso trigo , e vos traremos nos nossos barcos
tudo o que precisares , e venderemos nas cidades ribeirinhas , disseminadas  por todo
 o curso do nosso  rio o excedente das vossas colheitas .
( Eu amo - te , amor , mas queimo como um sopro de fogo , fala - me de manso ,)

Os homens que vinham exaustos de penosa , tragédia jornada , perdida para là dos desertos ,
agora assolada pelos ávidos , bárbaros invasores , olharam em silêncio os homens trigueiros
do grande rio , e lhes estenderam as mãos
E chamaram as mulheres e as crianças e deram - lhes a boa nova .
E acenderam fogueiras , prepararam os peixes , e mataram anhos brancos , e os comeram
mai - los homens trigueiros e as mulheres de cabelos compridos e seios erectos .
E ergueram cantos de fecundidade e abraçaram - se e dançaram atè que o sol veio .
( Canta - me , meu amor , uma canção de ninar , e dà - me os bicos dos teus seios , eu sou um
 menino . )

Assim nasceu a cidade do estuário : e  as mulheres  de cabelos compridos e seios erectos , conheceram os homens que chegaram exaustos da longa jornada : e os homens trigueiros ,
que conduziam os seus barcos nas rotas do grande rio , falaram de amor às mulheres claras ,
 cujos cabelos eram de cor de feno  seco , e cujos seios vinham murcho de tantos trabalhos
e fomes .  ( Levanta - te , vento , enche as velas )

E com o vir dos tempos , assim as searas e os pomares brotaram e floriram na planície
fecunda e rasa , agora plena , uma nova raça de homens fortes e mulheres bravas e belas
traçou as ruas e praças e cais da sua cidade pacifica e construiu  as suas leis progressivas
 e sabias .

( Sim meu amor , esta è uma página da nossa história comum , e um poema em si mesmo .
 Um dia  , ávidos monstruosos chegaram ali também os bárbaros e saquearam  e destruíram
a cidade pacifica , onde as leis eram sabias e os homens obreiros serenos e diligentes .

Mas novas cidades como esta , novas raças , novas leis sabias , surgiram no curso do grande rio infindável , e surgirão cada vez mais numerosas certo , tão certo amor , e inevitável como o fim próximo dos bárbaros . )







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