no fluir das águas
e dos sonhos .
Agora
um pedaço de terra
fechada nas minhas
mãos è um pedaço
de terra , amanhã serei
eu a terra fechada nas
mãos e uma semente
de fava ou de eucalipto
no meio dela .
Ou espermatozóide , de vibrátil
cauda .
Viajarei com as aves do tempo ,
entre a penugem das rèmiges .
Irei nas malas , nos cestos , nos
caixotes , nos fardos , nos livros
proibidos :
Os guardas das alfândegas
não terão mais olhos para
me ver : Ò ingénuos , ò ludibriados !
Eis - me anónimo . ( Verdadeiramente sem mascara ) .
Não terei cartão de identidade , não terei nome
( Poetry Flowers ? ) , numero , altura , cor , peso ,
sinais particulares ; não precisarei de licenças de
passaporte ( eu , o grande viajante ! ) , nem de
bilhete de identidade , vá por aqui , espere , ouça ,
olhe là , as multas não serão para mim , os insultos
não serão para mim ; não esperarei que o sinaleiro
apite e abra os braços para que eu possa atravessar
a avenida vibrante do surdo , , absurdo e belo ritmo
do tráfego , dos homens carregando em seus braços
os camiões , os comboios , os bancos , os cais , os
navios , os canhões , os martelos , as prostitutas ,
as leis , os símbolos , os sonhos :
dispersos , anónimo , pulverizado , diluído e sereno .
Cada grânulo , cada electrão , com o seu peso , medida ,
carga eléctrica infinitésimas , porém cheias de infinitas
possibilidades .
Um átomo está aqui , na Europa , outro na América ,
outro em Sirius , ou além no fundo do Universo : porque
se não hão - de encontrar , reunir um dia ?
Quem ousará negar ?
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