e tão presente , minha cidade do Sul
a Beira - Mar , com o Alto Maè , a
Baixa e a Polana ; meu Porto acostável ,
com guindastes e cais para todo o Mundo ,
meus campos de futebol , com camisolas
multicolores e os nossos aplausos em tardes
de glória ; ò minha escola franca , cheia
de Bulício de mim e dos meus irmãos
pretos : meus cajueiros e minha árvores
e minhas árvores de mangas , rescendentes ;
meu primeiro anseio de menino aberto ao Sol
de fogo que me beijou a fonte e me pôs mistérios
e longes , fora e dentro dos olhos !
Ah , minha pureza ansiosa , que era branca
como as flores de laranjeira , minha Buliciosa
curiosidade que desventravas todos os brinquedos
que me davam sò para ver o mecanismo subtil
que havia dentro deles !
Meus moleques João Pequeno e Canivete , leais
e francos , meus pretos e camaradas , onde estais ?
que há tanto tempo vos não vejo , e tenho tantas
saudades das vossas palavras humanas e transparentes !
Meus monhès de cofiòs vermelhos na cabeça , acocorados
em sórdidos balcões nas ruelas da baixa , cheirosa a tabaco ,
mascando , mascado : mercadores do levante , senhores de
montes de esterlinas ;
ò mulheres muçulmanas , insaciáveis , veladas senhoras dos
mistérios e perfumes do Oriente ; meus irmãos Canecos ,
donos de Bancos e de Jornais ; meus Chineses pacíficos ,
vendendo bugiganga em quiosques , onde comprávamos
foguetes ee rebuçados , papeis de amendoim e cajù ,
limonadas e papagaios , e das docas e dos armazéns ,
Ingleses do Hotel Polana , do Golfo e do Ténis , e de simpatia
que ficou de vòs , meus Italianos , Judeus , Franceses , Parses ,
Gregos , da Inhaca !
ò meus irmãos de todo o mundo , eu cruzei - me convosco , na
flor da idade , caminhei a vosso lado , brinquei com os vossos
joelhos , vossa presença mùltipla e franca deu - me o sentido
da fraternidade !
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