quinta-feira, 17 de novembro de 2016

MINHA CIDADE MARAVILHOSA

Minha cidade maravilhosa longínqua
e tão presente , minha cidade do Sul
a Beira - Mar , com o Alto Maè , a
Baixa e a Polana ; meu Porto acostável ,
com guindastes e cais para todo o Mundo ,

meus campos de futebol , com camisolas
multicolores e os nossos aplausos em tardes

de glória ; ò minha escola franca , cheia
de Bulício de mim  e dos meus irmãos
pretos : meus cajueiros e minha árvores
e minhas árvores de mangas , rescendentes ;

meu primeiro anseio  de menino aberto ao Sol
de fogo que me beijou a fonte e me pôs mistérios
e longes , fora e dentro dos olhos !

Ah , minha pureza ansiosa , que era branca
como as flores de laranjeira , minha Buliciosa
curiosidade que desventravas todos os brinquedos
que me davam sò para ver o mecanismo subtil
que havia dentro deles !

Meus moleques João Pequeno e Canivete , leais
e francos , meus pretos e camaradas , onde estais ?

que há tanto tempo  vos não vejo , e tenho tantas
saudades das vossas palavras humanas  e transparentes !

Meus monhès de cofiòs vermelhos na cabeça , acocorados
em sórdidos balcões  nas ruelas da baixa , cheirosa a tabaco ,
mascando  , mascado : mercadores do levante , senhores de
montes de esterlinas ;

ò mulheres muçulmanas , insaciáveis , veladas senhoras dos
mistérios e perfumes do Oriente  ; meus irmãos Canecos ,
donos de Bancos  e de Jornais ; meus Chineses pacíficos ,
vendendo bugiganga em quiosques , onde comprávamos
foguetes ee rebuçados , papeis  de amendoim  e cajù ,
limonadas e papagaios , e das docas e dos armazéns ,
Ingleses do Hotel Polana , do Golfo e do Ténis , e de simpatia
 que ficou de vòs , meus Italianos , Judeus , Franceses , Parses ,
Gregos , da Inhaca !

ò meus irmãos de todo o mundo , eu cruzei - me convosco , na
flor da idade , caminhei a vosso lado , brinquei com os vossos
joelhos , vossa presença mùltipla e franca deu - me o sentido
da fraternidade !







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