terça-feira, 8 de novembro de 2016

O POETA NO TEMPO

POETA NO TEMPO

NA CURVA DE ONDA NO ÉTER  , AI
ESTAREI .

Perfume e cio de polèn , ai estarei
Glóbulo rubro viajando nas artérias
futuras , ai estarei ; e nos bicos dos seios ,

que sugarei ,

Ambíguo , porém cheio de todas
as possibilidades .
Aqui grânulo , além molécula .
Célula .  Átomo de ferro .
Átomo de cálcio .
Oxigénio .
Enxofre , cinza ,
vitamina , som , cor .

Acção e reacção .
Fluxo e refluxo .

A luz e a sombra , o grito
e o seu eco .
Indestrutível e viajante
( não turista ) .

Raio de luz viajando
entre dois olhares
cruzando - se o amor
e no ódio .

Não terei olhos , mas estarei nos olhos .
Não terei braços , mas estarei nos braços .

Não terei  face nem sonhos , dores , esperanças ,
alegrias , contribuições a pagar , ódios , poemas
mais a compor , gritos , raiva ,  palavras de amor ,

ma estarei na face , nos sonhos , nos poemas , no amplexo .

não terei ossos , mas estarei nos ossos .
Entrarei na seiva ; no fluir das águas
e dos sonhos .

Agora
um pedaço de terra fechada nas minhas mãos
è um pedaço de terra .
Amanhã serei eu a terra fechada nas mãos
e uma semente de fava ou de eucalipto no meio dela .


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